quarta-feira, 15 de maio de 2013

CÉSAR LEAL


                                                                                               
Do alto de seus noventa anos de vida o poeta contempla o universo que tanto lhe é conhecido: o das academias, das salas universitárias, das redações dos jornais. Ambientes que representam o percurso de sua fecunda vida profissional e intelectual.
É com regozijo que assistimos ás homenagens que vem sendo prestadas ao filho de Saboeira, no Ceará, que adotou Recife também como seu berço e casa.
 A Academia Pernambucana de Letras, recentemente, realizou o seminário Cesar Leal – 90- anos que reuniu os pares da APL, estudiosos de sua obra e amigos. Sua filha Virginia o representou e trouxe para os presentes, as doces memórias familiares e alguma poesia da farta fortuna intelectual do poeta.
Tivemos a oportunidade de revisitar os múltiplos aspectos de suas atividades como jornalista, critico literário e docente. Cesar leal iniciou sua vida no serviço publico trabalhando para o Serviço especial de saúde pública (SESP) exercendo suas atividades em Manaus, Belém e depois Belo Horizonte. Aí conviveu com intelectuais como Abgar Renault, Fábio Lucas e outros. De volta ao Recife foi admitido no Diário de Pernambuco então sob a direção do poeta Mauro Mota.
Em 1957 publica Invenções da Noite Menor, seu primeiro livro de poesia, seguido por dezenas de outros importantes títulos.   Estudioso de Dante, admiração iniciada desde a infância, por ser a Divina Comédia um dos livros a seu alcance no casarão da fazenda Belmonte. Em 1965 publicou um ensaio sobre o gênio italiano “Dante e os modernos” que lhe valeu condecoração de “Cavalieri” da ordem do Mérito da República da Itália (1982).
Sua carreira literária tem sido brilhante, reconhecida e profícua. Poeta, jornalista, critico de literatura respeitado, recebeu o titulo de notório saber do Conselho Federal de Educação (1980).Professor de Teoria da literatura da UFPE ,foi responsável pela criação da Pós graduação em literatura e, portanto, pela  formação de jovens mestres e doutores na última metade do século XX. Foi editor da revista Estudos Universitário e do Suplemento Literário (DP) por três décadas. Estimulou poetas jovens publicando seus trabalhos (tive a honra de ser um deles, com poemas e ensaios pjublicados nos idos da década de 80 no seu Panorama Literário).
Cesar Leal, como João Cabral de Melo Neto, conseguiu conciliar a difícil convivência entre poesia e crítica.   Ambos tinham consciência desta atitude critica presidindo o ato de escrever. É de José Guilherme Merquior a afirmativa “César Leal é até agora o poeta brasileiro mais preocupado com a teoria do poema” (1980).
No poema “Carta aos rinocerontes” Cesar declara: “se minha poesia te cansa/peço-te: come as saladas de Sousândrade; bebe lentamente as gotas de orvalho que fluem dos Caligramas/de Apollinaire... quanto a mim continuarei sozinho/solitário como um estranho rio/de um território ainda não visitado pelos geógrafos/abrindo sem descanso a minha estrada/certo de que alguém um dia/ anjo ou demônio/caminhará por ela até a porta do meu nome”.






Nenhum comentário:

Postar um comentário