quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SARAU NA PRAÇA


É louvável e inusitada a iniciativa da Secretaria Executiva de Cultura e Patrimônio Histórico de Jaboatão em homenagear artistas, músicos e poetas locais e nacionais.

Trata-se do projeto “Sarau Lítero-Artistico Itinerante de Jaboatão dos Guararapes”, promoção da Gerência de Cultura, em nome de Lorena Raia e  da  Coordenação de políticas Culturais, do amante da cultura e das artes, Fábio Glei - conhecido como um dos integrantes da dupla “Mateus e Katilinda”. O evento reveste-se de maior importância por ser desenvolvido em espaços públicos abertos dando assim oportunidade para que a população em geral tome conhecimento da vida e obra de nossos escritores.

Este mês, no próximo dia 25, o sarau presta homenagem a João Cabral de Melo Neto, pernambucano- universal e também ao multiartista nascido em Jaboatão, Murilo Bartolomeu. Murilo continua produzindo e transita por gêneros artísticos múltiplos desde as artes cênicas a musica e literatura. Radialista , autor de novelas radiofônicas e marchas de carnaval. Poeta, membro da Sociedade dos poetas vivos de Olinda .Prata da casa!

A homenagem a João Cabral não poderia ser mais oportuna uma vez que Janeiro é o mês de seu aniversário. O poeta nasceu a nove de Janeiro de 1920 (no registro de nascimento consta dia 6), nesta cidade do Recife, iniciando assim sua trajetória de transgressão da ordem estabelecida quer na poesia como na vida. Na poesia inaugurou um tempo novo; rompeu com os cânones da poética do inicio do século XX. Exerceu obsessivamente um método de composição muito pessoal fundado no rigor ,na síntese e na “ imitação da forma” de objetos e coisas através do uso virtuoso da linguagem. Nada do que é pessoal ou romantismo piegas lhe parecia “matéria de poesia”. Nem por isto deixou de ser romântico, de cantar a mulher, o desejo e a paixão. Da mulher dizia em poema ser como uma casa: “ seduz pelo que é dentro ou será quando se abra”. Daí sua transgressão linguística que para muitos ainda hoje parece não ser bem compreendida. Mas esta incompreensão, esta sim, é matéria da grande arte cabralina.

Na vida foi também dos extremos, do pai de família preocupado com a prole, seu sustento e educação, ao artista solitário, ensimesmado, por vezes travestido de boêmio, frequentador da taverna e dos artistas populares daqui e da sua também amada Andaluzia.

Desejamos longa vida ao projeto do Sarau Itinerante que vai aonde o povo está propiciando a ação transformadora da cultura por semeá-la em terreno fértil: a praça publica.

 

 

 

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