quinta-feira, 26 de setembro de 2013

MAIS MÉDICOS



                                                                                   
A  questão da aceitação  de médicos estrangeiros (a maioria cubanos) tem interpretação diferente por parte dos usuários do sistema de saúde. A recusa dos médicos brasileiros em participar do programa entende-se a partir da formação dos médicos no mundo ocidental capitalista. Saídos das universidades , praticamente sem contato com as comunidades, com especialização precoce, dirigida para métodos de diagnostico e tratamento de tecnologia avançada que garantem o alto custo e a decorrente rentabilidade do ato médico. Ora, um profissional com este perfil acadêmico, não consegue equilíbrio emocional para superar a frustração de trabalhar em ambientes inóspitos e que não condizem com o padrão de sua formação. Por sua vez, o sistema de saúde cubano é reconhecido mundialmente como referencia da medicina socializada, de abordagem preventiva e próxima das comunidades. Assim, estes profissionais preenchem o perfil daqueles que se adaptam ás condições de medicina simplificada e de atenção básica de que necessitam os cidadãos do Brasil profundo. O fato de serem pagos mediante convênios com o governo cubano, tendo a OPAS como intermediária, é uma questão de   decisão pessoal de aceitá-lo ou não. Descontados os ganhos dos” “intermediários”, o salário brasileiro ainda é dez vezes maior que aqueles pagos no país natal, o que explica a decisão destes profissionais em trabalhar fora da ilha, para não falar nos direitos e liberdades garantidos pela democracia brasileira.
O Conselho Federal e os regionais de Medicina, considerando sua missão de órgão fiscalizador da atividade, tem efetivamente o dever de exigir condições de credibilidade da documentação apresentada, principalmente quanto ao órgão formador (Universidades) destes profissionais. Esta também é uma atitude de zelo pelos usuários do Sistema se Saúde Unificado. Quanto à isenção da revalida, por constituir pressuposto da medida provisória que criou o programa, não cabe mais discussão, uma vez que por força de lei os CRMs tem que atender sob pena de inverter a escala hierárquica de decisões políticas. Quebra-se também o estado de direito com atitudes do tipo. A Advocacia Geral da União (AGU) solicitou, em tempo, um inquérito civil para analisar a recusa à concessão dos registros provisórios pelos Conselhos regionais. Muito bem vinda esta intervenção do ponto de vista do cidadão comum que, em recente pesquisa, mostrou-se plenamente favorável ao exercício destes profissionais que vão preencher lacunas nos rincões distantes dos pais. Esta aceitação massiva do programa Mais Médicos, do Governo federal, mostra a carência de assistência médica sentida pelo povo. Sejam bemvindos!!!



Um comentário:

  1. Muito lúcido seu depoimento-artigo! Melhor coisa que li sobre o tema até então.

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