A questão da aceitação
de médicos estrangeiros (a maioria
cubanos) tem interpretação diferente por parte dos usuários do sistema de
saúde. A recusa dos médicos brasileiros em participar do programa entende-se a
partir da formação dos médicos no mundo ocidental capitalista. Saídos das
universidades , praticamente sem contato com as comunidades, com especialização
precoce, dirigida para métodos de diagnostico e tratamento de tecnologia avançada
que garantem o alto custo e a decorrente rentabilidade do ato médico. Ora, um
profissional com este perfil acadêmico, não consegue equilíbrio emocional para
superar a frustração de trabalhar em ambientes inóspitos e que não condizem com
o padrão de sua formação. Por sua vez, o sistema de saúde cubano é reconhecido
mundialmente como referencia da medicina socializada, de abordagem preventiva e
próxima das comunidades. Assim, estes profissionais preenchem o perfil daqueles
que se adaptam ás condições de medicina simplificada e de atenção básica de que
necessitam os cidadãos do Brasil profundo. O fato de serem pagos mediante convênios
com o governo cubano, tendo a OPAS como intermediária, é uma questão de decisão pessoal de aceitá-lo ou não. Descontados
os ganhos dos” “intermediários”, o salário brasileiro ainda é dez vezes maior
que aqueles pagos no país natal, o que explica a decisão destes profissionais
em trabalhar fora da ilha, para não falar nos direitos e liberdades garantidos
pela democracia brasileira.
O Conselho Federal e os regionais de Medicina, considerando
sua missão de órgão fiscalizador da atividade, tem efetivamente o dever de
exigir condições de credibilidade da documentação apresentada, principalmente quanto
ao órgão formador (Universidades) destes profissionais. Esta também é uma
atitude de zelo pelos usuários do Sistema se Saúde Unificado. Quanto à isenção
da revalida, por constituir pressuposto da medida provisória que criou o
programa, não cabe mais discussão, uma vez que por força de lei os CRMs tem que
atender sob pena de inverter a escala hierárquica de decisões políticas. Quebra-se
também o estado de direito com atitudes do tipo. A Advocacia Geral da União (AGU)
solicitou, em tempo, um inquérito civil para analisar a recusa à concessão dos
registros provisórios pelos Conselhos regionais. Muito bem vinda esta intervenção
do ponto de vista do cidadão comum que, em recente pesquisa, mostrou-se
plenamente favorável ao exercício destes profissionais que vão preencher lacunas
nos rincões distantes dos pais. Esta aceitação massiva do programa Mais Médicos, do Governo federal, mostra
a carência de assistência médica sentida pelo povo. Sejam bemvindos!!!