É louvável e inusitada a iniciativa da Secretaria
Executiva de Cultura e Patrimônio Histórico de Jaboatão em homenagear artistas,
músicos e poetas locais e nacionais.
Trata-se do projeto “Sarau Lítero-Artistico
Itinerante de Jaboatão dos Guararapes”, promoção da Gerência de Cultura, em
nome de Lorena Raia e da Coordenação de políticas Culturais, do amante
da cultura e das artes, Fábio Glei - conhecido como um dos integrantes da dupla
“Mateus e Katilinda”. O evento reveste-se de maior importância por ser
desenvolvido em espaços públicos abertos dando assim oportunidade para que a
população em geral tome conhecimento da vida e obra de nossos escritores.
Este mês, no próximo dia 25, o sarau presta
homenagem a João Cabral de Melo Neto, pernambucano- universal e também ao
multiartista nascido em Jaboatão, Murilo Bartolomeu. Murilo continua produzindo
e transita por gêneros artísticos múltiplos desde as artes cênicas a musica e
literatura. Radialista , autor de novelas radiofônicas e marchas de carnaval.
Poeta, membro da Sociedade dos poetas vivos de Olinda .Prata da casa!
A homenagem a João Cabral não poderia ser mais
oportuna uma vez que Janeiro é o mês de seu aniversário. O poeta nasceu a nove
de Janeiro de 1920 (no registro de nascimento consta dia 6), nesta cidade do
Recife, iniciando assim sua trajetória de transgressão da ordem estabelecida
quer na poesia como na vida. Na poesia inaugurou um tempo novo; rompeu com os
cânones da poética do inicio do século XX. Exerceu obsessivamente um método de
composição muito pessoal fundado no rigor ,na síntese e na “ imitação da forma”
de objetos e coisas através do uso virtuoso da linguagem. Nada do que é pessoal
ou romantismo piegas lhe parecia “matéria de poesia”. Nem por isto deixou de
ser romântico, de cantar a mulher, o desejo e a paixão. Da mulher dizia em
poema ser como uma casa: “ seduz pelo que é dentro ou será quando se abra”. Daí
sua transgressão linguística que para muitos ainda hoje parece não ser bem
compreendida. Mas esta incompreensão, esta sim, é matéria da grande arte
cabralina.
Na vida foi também dos extremos, do pai de família
preocupado com a prole, seu sustento e educação, ao artista solitário,
ensimesmado, por vezes travestido de boêmio, frequentador da taverna e dos
artistas populares daqui e da sua também amada Andaluzia.
Desejamos longa vida ao projeto do Sarau Itinerante
que vai aonde o povo está propiciando a ação transformadora da cultura por
semeá-la em terreno fértil: a praça publica.